
A primeira necessidade
Qual é o projeto essencial que move nossa vida?
Qual objetivo impulsiona a vida de mais de 7 bilhões de pessoas que vivem na Terra hoje?
Qual a primeira necessidade para descobrir o sentido da vida?
Filósofos de todas as épocas se posicionaram diante dessas questões, e muitos destacaram a necessidade de interiorizar-se para descobrir em si aquilo pelo qual vale viver. Sócrates repetia: Conhece-te a ti mesmo, Nietszche na mesma direção dizia: Torna-te quem tu és.
Sri Aurobindo de maneira forte diz: “Tornarmo-nos nós mesmos é a única coisa a ser feita.”
Isto implica em buscar-se continuamente, observando-se, avaliando os pensamentos que movem nossa mente, os sentimentos que fluem através de nosso coração e nervos, para onde dirigimos nossos esforços de realização, e principalmente o que nos alegra de verdade. A maioria das pessoas concentra a percepção de si na exterioridade, e para o ser exterior dirige suas expectativas.

O verdadeiro si
Para Sri Aurobindo, quando colocamos no exterior o centro de nossa vida, deixamos as coisas de cabeça para baixo porque avaliamos como fundamentais as forças ou as aparências superficiais da Natureza.
Diz que: “essa é uma avaliação superficial das coisas, que se deve à concentração do pensamento nas aparências e no processo sem ver o que está por trás do processo.”
Então onde estaria nosso verdadeiro si? Sri Aurobindo responde:
“O verdadeiro si mesmo está dentro de nós”. Para chegar a esse núcleo essencial dentro de nós precisamos ultrapassar nosso ser externo corporal, vital e mental. “É só crescendo interiormente e vivendo no interior que podemos encontrá-lo; uma vez isso feito, então criar, a partir daí, uma mente, vida e corpo espirituais ou divinos e, por meio dessa instrumentação chegar a criar um mundo que será o ambiente verdadeiro e uma vida divina – esse é o objetivo final que a Força da Natureza pôs diante de nós.”
A primeira necessidade
“Essa é então a primeira necessidade: que o indivíduo, cada indivíduo, descubra o espírito, a realidade divina dentro de si e a expresse em todo o seu ser e existência.”
Sri Aurobindo dá mais um passo e diz:
“Não pode haver divindade na existência externa se não houver uma divinização do ser interno.” Explica: “A Divindade no homem habita velada em seu centro espiritual; é impossível que ele possa exceder a si mesmo, ou que sua existência tenha um resultado mais alto, se não existir nele a realidade desse self e espírito eterno.”
Trazendo essa reflexão para mais perto, notamos que Sri Aurobindo estabelece uma relação entre a descoberta do si interior e o modo de agir na vida exterior, no mundo e na convivência com os outros. É necessário descobrir em si a Vida Divina para não ficar aprisionado na casca. O contato com o si interior nos leva a descobrir potências, verdades, forças, felicidades que se encaixam perfeitamente com nossa individualidade. Elas modificam nossa relação com o mundo e com os outros, pois o homem só será verdadeiro, justo, amoroso, grato, livre e feliz com os outros e com o mundo se já tiver encontrado essas qualidades dentro de si mesmo.

Nota: Todas as citações do texto são encontradas na seguinte referência bibliográfica: Sri Aurobindo. A Vida Divina. Uma Visão da Evolução Espiritual da Humanidade. São Paulo: Editora Pensamento-Cultrix Ltda. P.906.
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