Diferentes formas de consciência
Destacamos, em nosso último post sobre Sri Aurobindo, a identidade entre Existência e Consciência. Relembrando, há para o autor uma única consciência criando, sustentando e transformando tudo que existe. Ela realiza o movimento descendente quando se manifesta na criação, descendendo do Espírito até a Matéria. Realiza o movimento ascendente quando espiritualiza a matéria na qual se assentou.
Essa atuação cíclica da existência/consciência tem características específicas nos seres humanos. Em primeiro lugar porque através deste movimento estamos evoluindo e nos tornando cada vez mais perfeitos. Depois, porque embora tenhamos uma aparência de unidade, diferentes estados de existência/consciência oscilam em nós, mesclando condições às vezes até antagônicas, que vão do material ao espiritual. No entanto, estas formas ainda não estão compreendidas e unificadas em nosso ser, por isso somos interiormente divididos e vivemos muitas situações de conflito.
Como Sri Aurobindo descreve essa situação:
“Os homens não se conhecem e não aprenderam a distinguir as partes diferentes de seu ser; eles geralmente as agrupam como mente, porque é através de uma percepção e compreensão mentalizadas que eles as conhecem ou sentem; portanto, eles não entendem seus próprios estados e ações, ou se entendem, o fazem apenas na superfície… Somos compostos de muitas partes, cada uma das quais contribui com algo para o movimento total de nossa consciência, nosso pensamento, vontade, sensação, sentimento, ação, não percebemos, porém a origem desses impulsos.”
Sri Aurobindo. Cartas sobre o Yoga II, Capítulo I, Planos e Partes do Ser. Tradução livre.
Assim como em outra citação, Sri Aurobindo diz:
“O estado normal do homem é um estado de confusão e de desordem, um reino que está em guerra consigo mesmo ou mal governado; pois nele o Senhor… está sujeito a seus ministros, as faculdades, sujeito mesmo a seus súditos, os instrumentos de sensação, emoção, ação e prazer. O autogoverno deve substituir essa servidão. Por isso os poderes da ordem devem ser ajudados a vencer os poderes da desordem.”
Sri Aurobindo. A vida toda é Yoga. Caderno Especial de Ananda. Casa Sri Aurobindo, p.31.
Vivemos na superfície
Vivemos sob conflitos porque os diferentes planos de nosso ser nos são desconhecidos. Mesmo quando pensamos conhecê-los, este conhecimento é apenas de superfície. Não conhecemos profundamente nosso ser físico, muito menos o vital, o mental ou o espiritual. Cada um destes níveis têm características próprias de consciência, força e vibração. Quando buscamos o autoconhecimento, a presença dessas camadas interpenetradas e ao mesmo tempo hierárquicas, começam a se revelar para nós e, então temos a possibilidade de realizar sínteses maiores e mais harmônicas em nossas vidas.
Ioga e a complexidade de nosso ser
Faz parte dos fundamentos do Ioga tomar consciência da grande complexidade de nossa natureza, ver as grandes forças que a movem e buscar conhecimento e controle sobre elas. Portanto, o Ioga Integral não rejeita nenhuma das partes de nosso ser, mas busca aperfeiçoá-las e purificá-las para que elas revelem seus poderes e possibilidades latentes que os movimentos comuns da Natureza em nós costumam acobertar.
Sendo assim, chamamos de sadhana a disciplina através da qual percorremos de maneira consciente o caminho do Ioga e nos voltamos para a Luz interna que nos guia. Só sob está Luz poderemos unificar e harmonizar os diferentes modos de ser/consciência que nos habitam.
Links
Por último, listamos alguns textos sobre as qualidades divinas das flores já publicados em nosso blog:
Você também pode se interessar pelo trabalho da Casa Sri Aurobindo.