Reflexões poéticas sobre o homem
Nesse post, apresentamos um recorte do poema épico de Sri Aurobindo chamado Savitri. Nele o homem aparece como um viajante, em uma embarcação frágil, rumo à eternidade. Convidamos você a vivenciar essa expressão poética.
Uma aparência corporal não é tudo;
A forma engana, a pessoa é uma máscara;
Escondidos nas profundezas do homem, poderes celestiais podem habitar.
Seu barco frágil carrega através do mar dos anos
Um incógnito do Imperecível.
Um espírito que é uma chama de Deus permanece,
Uma porção ardente do Maravilhoso,
Artista de sua própria beleza e deleite,
Imortal em nossa pobreza mortal.
Este escultor das formas do Infinito,
Este Habitante não reconhecido, oculto,
Iniciado em seus próprios mistérios velados,
Esconde em uma pequena semente muda, seu pensamento cósmico.
Na força silenciosa da Ideia oculta
Determinando forma e ato predestinados,
Passageiro de vida em vida, de escala em escala,
Mudando a imagem de seu ser de forma em forma,
Ele vê o ícone crescendo com seu olhar
E no verme prevê a vinda de deus.
Enfim o viajante nos caminhos do Tempo
Chega às fronteiras da eternidade.
Comentários de Shraddhavan
Neste pequeno recorte de Savitri, Sri Aurobindo propõe questões sobre o mistério do ser humano, um ser que mescla um corpo externo com o qual nos identificamos, com um ser interno que nos é praticamente desconhecido e que ruma para eternidade. Sri Aurobindo utiliza-se de frases fortes em seu poema e diz que nosso corpo é apenas uma máscara usada temporariamente no mundo exterior, e que atrás dessa aparência exterior podem existir poderes celestiais.
Na sequência do poema, Sraddhavan comenta que no barco frágil que é nosso corpo viaja incógnito o Imperecível. O Imperecível é o espírito que vive em nós – uma chama de Deus, sempre jovem, não afetado pela idade e pela morte.
Sri Aurobindo diz que a chama de Deus é uma chama ardente, e a compara a um escultor, um artista que se alegra com as formas que vai modelando através dos anos, tornando-nos cada vez mais perfeitos, cada vez mais semelhantes a ele. Imortal ele vive em nossa pobreza mortal esculpindo em nós, formas do Infinito.
Este incansável viajante do Tempo vê em todos os seres a presença do divino e trabalha incansavelmente de forma em forma, de escala em escala, de vida em vida até que em seu caminho evolutivo, nos faz chegar às fronteiras da eternidade.
Referências biblíográficas:
- Sri Aurobindo. Savitri. A Legende and a Symbol. Book One. Ponicherry: Sri Aurobindo Ashram.
- Sraddhavan. The English of Savitri. Comments on the language of de Sri Aurobindo’s epic. Book One. Auroville. Savitri Bhavan.
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