Crianças da Imortalidade

Crianças da Imortalidade

setembro 16, 2024 Off Por Maria do Carmo e Neusa Volpe

Este post transcreve um parágrafo de A Vida Divina. Nele Sri Aurobindo descreve o que se espera do homem como o protagonista da missão evolutiva em nosso planeta. O parágrafo é longo e esta é uma característica do autor, precisa ser lido sem pressa, com atenção à riqueza e beleza de seu conteúdo. Este texto dá continuidade ao post intitulado: A Missão da Terra. Após a citação do parágrafo, retomamos algumas ideias nele contidas.

Lê-se na Vida Divina

“O ser humano está aqui para afirmar-se no universo, essa é sua primeira tarefa, mas também para evoluir e finalmente ultrapassar-se: deve ampliar seu ser parcial e fazer dele um ser completo, alargar sua consciência parcial e fazer dela uma consciência integral; tornar-se mestre de seu meio ambiente, mas também realizar a unidade e a harmonia com o mundo; realizar sua individualidade, mas também ampliá-la e transformá-la em um self cósmico e deleite de ser universal e espiritual. A intenção evidente de sua natureza é transformar, purificar, corrigir tudo que é obscuro, falso, ignorante em sua mentalidade e alcançar finalmente uma harmonia e uma luminosidade livres e vastas de conhecimento, vontade, sentimento, ação e caráter; esse é o ideal que uma Energia criadora impôs à sua inteligência, uma necessidade implantada por ela em sua substância mental e vital. Mas isso só pode cumprir-se mediante uma ampliação de seu ser e consciência: o homem foi criado para tornar-se vasto, cumprir-se, evoluir disso que ele é parcial e temporariamente em sua natureza atual aparente, para aquilo que ele é inteiramente em seu self e espírito secretos, e no qual pode, portanto, tornar-se, mesmo em sua existência manifestada. Essa é a esperança e a justificativa de sua vida na terra em meio aos fenômenos do cosmo. O homem exterior aparente, um ser efêmero sujeito às coerções de sua encarnação material e aprisionado em uma mentalidade limitada, deve tornar-se o Homem interior real, mestre de si mesmo e de seu ambiente, e universal em seu ser. Em uma linguagem mais viva e menos metafísica, o homem natural deve evoluir para se tornar o Homem divino; os filhos da Morte devem conhecer a si mesmos como as crianças da imortalidade. É por essa razão que o nascimento do humano pode ser descrito o momento decisivo na evolução, a etapa crítica da natureza terrestre.”

Sri Aurobindo. A Vida Divina: uma visão da evolução espiritual da humanidade. São Paulo: Pensamento, p.618.

Retomando algumas ideias

Destacamos algumas ideias que permeiam o parágrafo. A primeira delas é a existência de uma relação íntima entre o homem e a Natureza, uma vez que homem surge em seu meio, é constituído por seus os elementos e representa sua obra prima no atual estágio evolucionário da Terra. A Natureza aposta no homem para dar continuidade ao seu aperfeiçoamento aqui, pois como diz Sri Aurobindo:

“… o nascimento humano pode ser descrito como o momento decisivo na evolução, a etapa crítica na natureza terrestre.”

Para isso precisamos aprender: “a transformar, purificar, corrigir tudo que é falso, obscuro e ignorante em (nossa) mentalidade.” O universo quer nos lapidar para que a pedra bruta que somos revele seu brilho e sua luz. Ao homem é pedido “ultrapassar-se sempre”, “alargar sua consciência” até que se torne um “ser completo” e então possa realizar a unidade e a harmonia com o mundo. Sua meta é “alcançar uma harmonia e luminosidade livres e vastas de conhecimento, vontade, sentimento, ação e caráter.”

Filhos da Natureza, ela solicita que desenvolvamos nossa individualidade, o núcleo de nosso ser que nos faz únicos. O universo prima pela diversidade e em seus planos não estão os homens padronizados, que sem contato com a intimidade de si mesmos seguem modelos exteriores ignorando suas possibilidades mais significativas. Ela quer
mais para o homem, sonha que nossa individualidade expanda-se tornando-se universal e espiritual. Este sonho nos parece impossível, mas quando consideramos que vivemos uma unidade, ainda inconsciente no Divino, percebemos que alargar nossa individualidade implica na percepção de que o universo e o espírito fazem parte da plenitude de nosso ser, portanto, manifestá-los caracteriza nosso desenvolvimento e nossa “afirmação no universo”.

Na unidade com o Divino, o homem deve superar a Morte e viver a Imortalidade. Assim diz Sri Aurobindo:

“… o homem natural deve evoluir para se tornar o Homem divino; os filhos da Morte devem conhecer a si mesmos, como crianças da Imortalidade.”

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