A Lei do Sacrifício

A Lei do Sacrifício

julho 1, 2024 Off Por Maria do Carmo e Neusa Volpe

Começamos com uma palavra desafiadora. A palavra sacrifício significa para nós constrangimento, a imposição de algo que não gostaríamos de fazer, mas a que nos vemos obrigados. Quem sabe isso aconteça, porque vivemos sob o peso dessa lei, sem termos uma noção mais consciente e mais profunda de seu significado. Sri Aurobindo nos diz que:

“A lei do sacrifício é o ato divino comum que foi lançado por todo mundo em seu começo, como um símbolo da solidariedade do universo.”

Através dessa lei “a Alma Divina se submete à Força e a Matéria a fim de animá-las e iluminá-las”, essa lei afirma “um princípio divinizante, um Poder que salva, desce, a fim de limitar, corrigir e gradualmente eliminar os erros de uma criação egoísta e dividida.”

Nós participamos da lei do sacrifício ao nos doarmos ao Divino em todos os seres. Através dela o homem excede o sistema de trocas e dá algo de si que transcende o elemento recebido e gera mais vida, mais alegria aos que nele estão envolvidos. Cada ato realizado como dom, liberta o ser humano das garras do egoísmo e valoriza a unidade e o compromisso que temos com todos os seres.

A essência do sacrifício

Segundo Sri Aurobindo: “a essência verdadeira do sacrifício não é a autoimolação, é o dom de si; seu objetivo não é anular-se, mas realizar-se; seu método não é a automortificação, mas uma vida mais ampla, não a automutilação, mas a transformação de nossos elementos naturais em elementos divinos…”

Ele é doloroso sim, de início, enquanto estivermos apegados ao ego e suas satisfações. Aos poucos, porém, percebemos a grandeza e a solidariedade existentes nesse dom e aprendemos a fazer o sacrifício de maneira mais consciente; “no final, encontramos uma alegria em darmo-nos a nós mesmos e tudo o que consideramos como nosso em um espírito de amor e devoção.” 

A recompensa do dom

Vivenciar a lei sacrifício “traz uma percepção crescente do Divino em todas as coisas, uma comunhão sempre mais profunda com o Divino em todos os nossos pensamentos, vontade e atos, e a cada instante de nossa vida, uma consagração cada vez mais avançada da totalidade de nosso ser ao Divino.”

Essa consagração nos revela que: “Nosso sacrifício não é um dom sem retorno e sem aceitação profunda do outro lado; é um intercâmbio entre a alma encarnada, a Natureza consciente em nós e o Espírito eterno… A alma sabe que ela não se dá a Deus em vão; sem nada pretender, mesmo assim ela recebe as riquezas infinitas do Poder e da Presença divinos.”

Deus se dá à medida que nos damos a ele. “À alma que se dá integralmente, Deus também se dá integralmente.” 

Pela lei do sacrifício a solidariedade transcende o egoísmo e a aquilo que nos une torna-se maior que aquilo que nos separa.

*Todas as citações e paráfrases deste post encontram-se entre as páginas 107-113 de Sri Aurobindo. A Síntese do Ioga. São Paulo: Ed. Pensamento

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